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segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

33º CONGRESSO DA CNTE: ENTREVISTA COM MÁRCIA NOVAES, SECRETÁRIA GERAL DO SISPEC

Profª Márcia Novaes
O 33º Congresso Nacional da CNTE, realizado de 11 a 15 de janeiro deste ano, reuniu cerca de 2.500 delegados no Centro de Convenções Ulysses Guimarães, em Brasília, para discutir a defesa da educação pública e dos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários, além de eleger a nova diretoria da entidade.
A professora Márcia Novaes, secretária geral do Sispec, que também é integrante da direção estadual da CUT e do Fórum Estadual da Educação, participou do evento na capital federal. Nessa entrevista, ela nos conta a sua experiência e fala dos possíveis desdobramentos das deliberações aprovadas no Congresso.

Nesse momento de crise política e institucional que o Brasil atravessa, com consequências diretas para a educação e para os educadores, qual a importância do 33º Congresso da CNTE?
R – O 33º Congresso da CNTE pode ser entendido como um marco para a luta neste momento em defesa da educação, pois foi dado um pontapé inicial para o plano de lutas em defesa da educação pública de qualidade, com a perspectiva de barrar os ataques aos direitos dos trabalhadores e trabalhadores, apontando para uma greve geral, inicialmente aprovada como pela educação, mas com o compromisso de dialogar e procurar construir junto com toda a classe trabalhadora, para melhor fortalecimento.

Essa greve foi uma das resoluções do Congresso, marcada para o dia 15 de março de 2017. Essa alternativa é a mais acertada para enfrentar o contexto atual?
R – Apesar de a luta estar no nosso dia a dia, a greve geral é o caminho mais viável, sim. Dessa vez temos o respaldo também das escolas particulares, fortalecendo a luta, entretanto há um debate de construção dessa greve com toda a classe trabalhadora, pois precisamos atacar o capital e o entendimento de que a luta de classes está presente, e a unificação de todos e todas enquanto trabalhadores e trabalhadoras é que fortalecerá a luta.

Que subsídios o Congresso da CNTE poderá trazer para a campanha salarial 2017 da nossa categoria?
R – Os debates lá são mais de cunho nacional. A CNTE representa quatro milhões de profissionais em educação, e cada um tem sua especificidade, em comum só o reajuste do piso, que é de 7,64% este ano, passando de R$ 2.135,78 para R$ 2.298. No mais as orientações é que se lute pelo plano de cargos, que é o que nos garante valorização e a aplicação do PME.

Os professores e professoras, em nível de organização e mobilização, estão preparados para impedir a derrubada de direitos e conquistas históricas da categoria docente?
R - Acredito que só estaremos preparados e preparadas quando compreendermos que somos trabalhadores e trabalhadoras, que não estamos desvinculados dos outros trabalhadores. A perda de direitos sociais é uma luta de todos nós, que a preocupação com os problemas sociais também implica na nossa capacidade de organização, pois luta individual e corporativa não gera vitórias. Precisamos lutar pela educação pública de qualidade, mas também precisamos lutar contra o machismo, contra o feminicídio; precisamos lutar contra o extermínio da população negra, contra a perseguição ao LGBT, contra o massacre do povo indígena, por um Estado Democrático de Direito, pelos professores e professoras, mas também pelos estudantes. Precisamos lutar por uma escola inclusiva, que não discrimine, que compreenda a diversidade. Precisamos deixar o corporativismo de lado e lembrar que a melhoria da educação vai muito além da nossa categoria, muito além dos nossos anseios pessoais. Precisamos de sonhos coletivos, de pensar coletivo, de lutas coletivas, por isso entendo que só estaremos preparados e preparadas quando entendermos tudo isso, que o futuro do Brasil depende da luta de todos e todas nós.
  
A nova diretoria da CNTE foi eleita com mais de 90% dos votos dos delegados, uma representatividade indiscutível. Quais os principais desafios dessa nova gestão?
R – Acredito que o principal desafio é barrar todas essas reformas que estão por vir, como a reforma da Previdência, reforma trabalhista, fim da licença especial para professores, reforma do ensino médio, Lei da Mordaça.

Tomando como referência as discussões e deliberações do 33º Congresso da CNTE, qual a sua expectativa para as lutas e mobilizações da categoria em 2017?
R – Bastante positiva. O Congresso contou com cerca de 2.500 delegados, compondo diversas forças políticas, mas todos apontavam para um caminho que é a luta de classes e consequentemente a consciência de classe, e isso reoxigena a vontade de lutar, pois há uma percepção de que precisamos estar nas trincheiras de luta, precisamos estar unidos pela convergência, as dissidências neste momento só enfraquecem a luta. Por este motivo a minha expectativa é muito boa, as pessoas já tomaram consciência das perdas e que a luta solitária não gera vitórias. O caminho apontado por todos e todas é a greve geral. O que vi lá foram 2.500 mil delegados com sede de luta, principalmente por entender que as últimas lutas enfrentadas tiveram alguns protagonistas como mulheres, estudantes, e a categoria fundamental foi a de professores e professoras.















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