Profª Márcia Novaes |
A professora Márcia
Novaes, secretária geral do Sispec, que também é integrante da direção estadual da CUT e do Fórum Estadual da Educação, participou do evento na capital federal.
Nessa entrevista, ela nos conta a sua experiência e fala dos possíveis
desdobramentos das deliberações aprovadas no Congresso.
Nesse momento de crise política e institucional que o Brasil atravessa,
com consequências diretas para a educação e para os educadores, qual a
importância do 33º Congresso da CNTE?
R – O 33º Congresso da
CNTE pode ser entendido como um marco para a luta neste momento em defesa da
educação, pois foi dado um pontapé inicial para o plano de lutas em defesa da
educação pública de qualidade, com a perspectiva de barrar os ataques aos
direitos dos trabalhadores e trabalhadores, apontando para uma greve geral, inicialmente
aprovada como pela educação, mas com o compromisso de dialogar e procurar construir
junto com toda a classe trabalhadora, para melhor fortalecimento.
Essa greve foi uma das resoluções do Congresso, marcada para o dia 15 de
março de 2017. Essa alternativa é a mais acertada para enfrentar o contexto
atual?
R – Apesar de a luta estar
no nosso dia a dia, a greve geral é o caminho mais viável, sim. Dessa vez temos
o respaldo também das escolas particulares, fortalecendo a luta, entretanto há
um debate de construção dessa greve com toda a classe trabalhadora, pois
precisamos atacar o capital e o entendimento de que a luta de classes está
presente, e a unificação de todos e todas enquanto trabalhadores e
trabalhadoras é que fortalecerá a luta.
Que subsídios o Congresso da CNTE poderá trazer para a campanha salarial
2017 da nossa categoria?
R – Os debates lá são
mais de cunho nacional. A CNTE representa quatro milhões de profissionais em
educação, e cada um tem sua especificidade, em comum só o reajuste do piso, que
é de 7,64% este ano, passando de R$ 2.135,78 para R$ 2.298. No mais as
orientações é que se lute pelo plano de cargos, que é o que nos garante
valorização e a aplicação do PME.
Os professores e professoras, em nível de organização e mobilização,
estão preparados para impedir a derrubada de direitos e conquistas históricas
da categoria docente?
R - Acredito que só
estaremos preparados e preparadas quando compreendermos que somos trabalhadores
e trabalhadoras, que não estamos desvinculados dos outros trabalhadores. A perda de direitos
sociais é uma luta de todos nós, que a preocupação com os problemas sociais
também implica na nossa capacidade de organização, pois luta individual e
corporativa não gera vitórias. Precisamos lutar pela educação pública de qualidade,
mas também precisamos lutar contra o machismo, contra o feminicídio; precisamos
lutar contra o extermínio da população negra, contra a perseguição ao LGBT, contra o massacre do povo indígena, por um Estado Democrático de Direito,
pelos professores e professoras, mas também pelos estudantes. Precisamos lutar
por uma escola inclusiva, que não discrimine, que compreenda a diversidade.
Precisamos deixar o corporativismo de lado e lembrar que a melhoria da educação
vai muito além da nossa categoria, muito além dos nossos anseios pessoais. Precisamos
de sonhos coletivos, de pensar coletivo, de lutas coletivas, por isso entendo
que só estaremos preparados e preparadas quando entendermos tudo isso, que o
futuro do Brasil depende da luta de todos e todas nós.
A nova diretoria da CNTE foi eleita com mais de 90% dos votos dos
delegados, uma representatividade indiscutível. Quais os principais desafios
dessa nova gestão?
R – Acredito que o
principal desafio é barrar todas essas reformas que estão por vir, como a reforma
da Previdência, reforma trabalhista, fim da licença especial para professores,
reforma do ensino médio, Lei da Mordaça.
Tomando como referência as discussões e deliberações do 33º Congresso da
CNTE, qual a sua expectativa para as lutas e mobilizações da categoria em 2017?
R – Bastante positiva. O Congresso
contou com cerca de 2.500 delegados, compondo diversas forças políticas, mas
todos apontavam para um caminho que é a luta de classes e consequentemente a
consciência de classe, e isso reoxigena a vontade de lutar, pois há uma
percepção de que precisamos estar nas trincheiras de luta, precisamos estar
unidos pela convergência, as dissidências neste momento só enfraquecem a luta.
Por este motivo a minha expectativa é muito boa, as pessoas já tomaram
consciência das perdas e que a luta solitária não gera vitórias. O caminho
apontado por todos e todas é a greve geral. O que vi lá foram 2.500 mil
delegados com sede de luta, principalmente por entender que as últimas lutas
enfrentadas tiveram alguns protagonistas como mulheres, estudantes, e a
categoria fundamental foi a de professores e professoras.
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